Estratégia de investimentos: Aprenda os conceitos e comece a criar um plano
- Lucas Simon
- Investimentos
- 16 de fevereiro de 2025
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Ter uma estratégia de investimentos é de suma importância para conseguir ter êxito no futuro, gerenciando o risco e atingindo metas. É importante que essa estratégia seja bem pensada e defina como você vai alocar seu dinheiro para o curto, médio e longo prazo em uma gama enorme de diferentes ativos financeiros disponíveis no mercado, sobretudo escolhendo os ativos corretos, mais rentáveis e compatíveis com seu nível de risco e metas financeiras. Neste artigo vamos explicar alguns conceitos e posteriormente, em sua conclusão, apresentar uma estratégia simples e vencedora.
O que é uma estratégia de investimentos?
Uma estratégia de investimentos é um plano organizado que define como você pretende investir seu dinheiro. Ela envolve alocar seu capital em diferentes ativos, considerando seus objetivos e horizonte de tempo. Embora existam outras variáveis importantes, como risco, retorno e metodologias, vamos nos concentrar em objetivos e tempo neste contexto.
Por que termos uma estratégia e um plano antes de investir?
Em resumo, ter uma estratégia de investimentos é crucial para orientar suas decisões financeiras, maximizar o potencial de crescimento de seus ativos e proteger seu capital contra riscos desnecessários.
Um exemplo disso, dentro da estratégia de day trade, é que a grande maioria desiste desse tipo de operação por diversos fatores: seja por perdas, frustração, falta de conhecimento, má gestão de risco e a influência de terceiros. De acordo com um estudo da FGV, realizado entre 2013 e 2016 com 98.378 entrevistados, concluiu-se que, desse total, apenas 554 realizaram a operação em mais de 300 pregões. Todos os outros indivíduos (99,43%) não persistiram na atividade, ou seja, apresentam menos de 300 pregões.
Apenas com esse estudo, é possível afirmar que essa é uma estratégia que provavelmente trará prejuízos e frustrações. Via de regra, uma estratégia precisa alcançar os seguintes itens:
- Objetivo claro e definido do que você deseja alcançar.
- Ter um gerenciamento de risco para reduzir suas perdas indesejadas.
- Diversificação dos seus investimentos, reduzindo, assim, perdas de um ou mais ativos financeiros.
- Decisões racionais para evitar ações impulsivas baseadas em emoções, sempre lhe fazendo lembrar de seguir o plano.
Qual o seu perfil de investidor?
Uma boa estratégia de investimentos está diretamente ligada ao seu perfil de investidor. Afinal, se você se considera um investidor conservador, é improvável que se sinta à vontade negociando minicontratos de dólar na bolsa de valores. Em vez disso, você ficaria mais feliz e dormiria mais tranquilo comprando títulos de renda fixa.
Conservador: Prioriza sempre a preservação do capital e a segurança. Geralmente, nesse perfil, o investidor prefere investimentos de renda fixa e fundos de investimento nos quais sabe quanto receberá de juros ao final de um determinado período. Em contrapartida, possui retorno menor se comparado a outros tipos de investimentos.
Moderado: O investidor de perfil moderado busca um equilíbrio entre segurança e crescimento. Sua carteira é composta por uma combinação de ativos de renda variável, como ações, e renda fixa, como títulos do Tesouro Direto, mitigando eventuais riscos do cenário político e econômico. Esse investidor aceita a volatilidade da renda variável, mas se preocupa em proteger seu patrimônio de perdas significativas. Como diz o ditado:
Nunca coloque todos os ovos na mesma cesta.
Arrojado: É aquele que está disposto a assumir riscos em busca de retornos rápidos e elevados. Seus ativos financeiros são ações de empresas com alto potencial de crescimento, commodities e outros ativos de maior volatilidade, como criptomoedas. Os retornos podem ser significativos, mas o risco de perdas também é considerável.
Fator prazo ou tempo e objetivos
Para compor nossa estratégia de investimentos, além de entender qual é o seu perfil de investidor, é necessário criar sua estratégia com base no prazo ou tempo que pretende deixar o dinheiro investido e ter retornos.
Estamos falando aqui de dinheiro para gastar, e as escolhas de ativos financeiros e prazos devem ser coerentes com os seus objetivos. Pensando nisso, temos os seguintes cenários:
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Curto prazo (até 2 anos): Esta etapa visa ganhos rápidos para adquirir algum bem ou serviço de no máximo 02 anos, ou simplesmente para proteger o patrimônio.
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Médio prazo (de 2 a 20 anos): Pode-se considerar essa fase para criar ou adquirir patrimônio, ou para aumentar o patrimônio já existente. Também pode ser utilizada com o objetivo de adquirir um bem que demanda mais capital no futuro, como um automóvel, por exemplo.
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Longo prazo (acima de 20 anos): Essa etapa visa objetivos como a aposentadoria, a compra de um imóvel próprio ou a obtenção de uma renda passiva complementar. Também se encaixa na construção de patrimônio.
Métodos de investimento
Considerando seu perfil de investidor e incluindo todos os prazos nessa análise, vamos entender quais são os métodos de investimento aplicados no mercado.
Entenda que métodos são a forma como você escolherá ativos de acordo com seu perfil e prazo.
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Buy and Hold: Método exclusivo para o longo prazo, no qual se devem adquirir boas ações ou outros ativos e mantê-los por um período prolongado. Esses ativos devem ter fundamentos sólidos, independentemente das flutuações de curto prazo. É mais adequado para o perfil conservador.
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Value Investing: Ligada ao fator de longo prazo e construção de patrimônio, essa metodologia tem como objetivo identificar ativos com alto potencial de valorização. É mais adequada para o perfil moderado e/ou arrojado.
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Dollar-Cost Averaging (DCA), ou média de custo por dólar em português, é uma estratégia de investimento que consiste em adquirir um ativo financeiro, como ações ou criptomoedas, em intervalos regulares e com um valor fixo. Em vez de tentar prever o melhor momento para comprar, o investidor utiliza a DCA para suavizar o impacto da volatilidade do mercado.
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Factor Investing: Essa metodologia está ligada a ciclos de mercado e fatores políticos e econômicos, buscando lucrar com ativos financeiros que têm potencial de rentabilidade acima da média do mercado. É mais adequada para o curto e médio prazo, com perfil de investidor arrojado.
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Renda passiva: Essa estratégia está ligada ao longo prazo e é mais adequada para o perfil conservador e moderado. Seu objetivo é construir uma carteira com ativos que sejam bons pagadores de dividendos, buscando viver com a renda gerada por eles.
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Carteira defensiva: Totalmente ligada ao perfil conservador, esses investimentos são escolhidos em momentos de incerteza econômica.
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Gestão e exposição passiva: São geralmente ativos que possuem gestão ativa ou passiva. É uma estratégia de risco, pois o investidor está delegando a responsabilidade do gerenciamento de seu dinheiro a terceiros. Esses ativos geralmente cobram taxas de administração e são indicados para investidores de perfil moderado que não têm tempo ou conhecimento suficiente do mercado.
Listamos aqui algumas das metodologias mais utilizadas por investidores para a escolha de ativos, de acordo com o perfil e o horizonte de tempo.
Criando um plano e montando uma estratégia de investimentos
Definir uma estratégia de investimentos assertiva para todos os investidores é impossível, pois existem variáveis individuais a serem consideradas. O primeiro passo, de suma importância, é entender a situação atual do investidor e seu contexto de vida.
A primeira variável da lista é a idade atual do investidor: ela é importante para entender onde ele se encaixa no fator horizonte de tempo, visando ter uma aposentadoria tranquila e usufruir de seus investimentos.
A segunda é a situação financeira: ela é importante para que possamos estabelecer uma regularidade nos aportes para construção de patrimônio, aposentadoria e renda passiva. Para uma pessoa endividada, não é aconselhável investir em qualquer ativo sem antes quitar suas dívidas. Digo isso não por querer menosprezar ninguém, mas sendo racional para esclarecer que qualquer decisão judicial pode restringir seu patrimônio a fim de pagar suas dívidas, e todo o esforço empregado será inútil.
A terceira variável dessa lista é seu contexto familiar: entender o seu entorno e suas responsabilidades influencia diretamente na forma como você irá investir. Lembre-se que investimentos são para colher frutos no futuro e não para o agora. Por isso, é preciso pensar naqueles que estão ao seu redor.
Tendo em mente essas variáveis, seguem alguns elementos-chave para criar a sua estratégia e plano de investimentos.
Etapa 01: Entenda o seus gastos
Antes de começar a investir, a principal ação a ser tomada é ter um controle financeiro do que o investidor ganha e, principalmente, do que ele gasta. Essa gestão possibilita identificar e cortar gastos desnecessários, evitar dívidas e direcionar recursos para objetivos importantes, como a criação de uma reserva de emergência, a realização de sonhos e investimentos. Ao monitorar seus gastos, você ganha mais consciência sobre seus hábitos de consumo e toma decisões financeiras mais assertivas.
Abra em uma nova e acesse esse artigo: Controle de Gastos Bem Feito: Dicas Práticas para Economizar e começar a investir para obter mais detalhes.
Etapa 02: Crie uma reserva de emergência
A reserva de emergência é uma ferramenta financeira essencial para proteger suas finanças de imprevistos e situações inesperadas. Ela funciona como um colchão de segurança, garantindo que você tenha recursos para lidar com despesas inesperadas, como a perda de emprego, problemas de saúde, reparos urgentes no carro ou na casa, entre outros.
Ter uma reserva de emergência evita que você precise recorrer a empréstimos ou outras formas de crédito, que podem gerar juros, endividamento e preocupações ou estresse na sua vida pessoal. Além disso, ela proporciona segurança para enfrentar momentos difíceis, permitindo que você mantenha suas contas em dia e evite desviar do seu plano de investimento. Imagine você tendo que vender parte do seu patrimônio por causa de uma fatalidade. Seria frustrante, não é mesmo?
Etapa 03: Defina os seus objetivos financeiros
Finalizadas as etapas anteriores - e eu digo etapas, pois você deve realizá-las o quanto antes para se tornar um investidor -, passe para o próximo passo, que é determinar seus objetivos financeiros de curto, médio e longo prazo.
Coloque no papel os bens ou serviços que você quer adquirir e comece a pensar sobre cada um deles, categorizando-os de acordo com o prazo.
Dado que somos um jovem de 22 anos, solteiro e que recebe R$ 1.500 mensais, sem dívidas, após os descontos e gastos essenciais, sobram R$ 700,00.
“Quero comprar um notebook: Após uma pesquisa rápida, um bom notebook custa cerca de R$ 3.000,00. Dividindo R$ 3.000 por 12 (meses), o valor mensal fica em R$ 250,00. Para evitar dívidas com o cartão de crédito ou por não possuir um, nosso jovem investidor deve poupar esses R$ 250,00 e, em menos de um ano, ele conseguirá comprar o notebook, objetivo que se encaixa no curto prazo.”
“Outro exemplo: Quero comprar uma moto: O preço sugerido para uma CG Titan 160 é a partir de R$ 19.520,00, na data de hoje, 15 de fevereiro de 2025. Para fins didáticos, vamos considerar hipoteticamente o valor de R$ 22.940,00. Seguindo o raciocínio anterior e dividindo R$ 22.940 por 12, o valor mensal necessário seria de R$ 1.911,66. São R$ 1.211,00 a mais do que ele recebe. Logo, esse objetivo não será possível de ser alcançado em dois anos. Fazendo os cálculos, talvez a partir de seis anos ele consiga comprar esse veículo: R$ 22.940 / 72, totalizando R$ 318,61 que devem ser poupados todos os meses, entrando na categoria de médio prazo.”
Exemplos de longo prazo:
- Quero comprar um apartamento no valor de R$ 240.000,00.
- Quero ter o poder de compra de R$ 1 milhão de dólares, lembrando que o dólar hoje está R$ 5,78.
Utilizando o raciocínio anterior, faça esse exercício de acordo com a sua realidade para todo e qualquer objetivo financeiro que você queira alcançar. Outra ação que devemos realizar e que fica como tarefa de casa: a partir disso, vamos começar a pensar em como reduzir o tempo para alcançar esses objetivos.
Etapa 04: Entenda sua tolerância ao risco
De acordo com o seu perfil de investidor, que foi abordado no início deste artigo, em qual perfil você se encaixa? Reflita sobre si mesmo e seu comportamento, e entenda o nível de risco que você está disposto a aceitar.
Essa autocompreensão determinará sua alocação de ativos.
Etapa 05: Liste, estude e escolha os ativos financeiros
Com base em seus objetivos e após entender o nível de risco que você está disposto a correr, faça uma pesquisa detalhada e dedique tempo a isso, listando e estudando todos os ativos disponíveis no mercado. Tenha uma noção introdutória sobre renda fixa: Tesouro Direto, CDBs, LCI e LCA; aprenda um pouco sobre renda variável; aprenda sobre day trade; aprenda sobre commodities.
Classifique cada tópico, indicando se você se sente mais à vontade para se aprofundar ou se, no momento atual, é difícil de aprender.
De antemão afirmo que: Se é dificil não faça!
Etapa 06: Seleção específica versus diversificação de ativos
Pensar em diversificação no início da construção de patrimônio é um erro e só fará com que você disperse seu capital, atrasando a conquista de alguns objetivos. Por isso, o Dividendo Digital recomenda concentrar o seu investimento em uma seleção específica de um ativo para alcançar sua meta o mais rápido possível.
Após compreender a dinâmica dos investimentos, a diversificação ocorrerá naturalmente para o investidor que já está no mercado há, no mínimo, uns cinco anos. A diversificação de seus investimentos, em diferentes tipos de ativos, visa proteger contra eventuais riscos econômicos - Fator L (entendedores entenderão) - que possam surgir.
Lembre-se que a escolha da seleção específica e a diversificação dependem estritamente do contexto de vida abordado anteriormente.
Etapa 07: Evite a qualquer custo decisões emocionais
Algo que todo investidor deve ter é sangue frio e lembrar constantemente do seu plano e por que você está fazendo aquilo. Lembre-se dos seus objetivos de longo prazo, pois eles irão guiá-lo quando eventos negativos de curto prazo estiverem ocorrendo. Mantenha-se disciplinado.
Oportunidade versus plano de investimentos: O que fazer?
Após entendermos as etapas para definir uma estratégia de investimentos e criar um plano, é muito provável que algumas oportunidades surjam durante a execução do plano de investimento.
Recapitulando, a estratégia de investimento é um plano de longo prazo que orienta as decisões financeiras, com base em metas específicas, tolerância ao risco e horizonte temporal. Inclui alocação de ativos, escolha de classes de investimento, otimizando o retorno ao longo do tempo, levando em conta metas pessoais de curto, médio e longo prazo.
Uma oportunidade de investimento refere-se a uma situação específica, muitas vezes de curto prazo, que surge no mercado e oferece potencial de ganhos. Sendo assim, pode envolver a compra ou venda de um ativo específico com base em condições de mercado, eventos econômicos ou outros fatores temporários.
Em minha humilde opinião, procure seguir o plano de forma paciente e disciplinada e não ceda às tentações do mercado. Um péssimo comportamento do investidor, no geral, é seguir notícias e pessoas que, muitas vezes, são contratadas para influenciar e conduzir a manada a fazer movimentações erradas. Infelizmente, o mundo é assim e não podemos mudá-lo!
Outro fator a ser considerado é que, a cada movimentação financeira, você pode pagar imposto ao governo. Então, antes de ver uma oportunidade, pense no que você está deixando para o governo.
Somente embarque na oportunidade se, e somente se, ela tiver um potencial muito grande para gerar lucros para sua estratégia de longo prazo. E, em curto prazo, explore brechas para obter lucros rápidos. Mas faça isso com consciência e que não seja uma constante, senão você se tornará mais um na estatística da FGV e vai desistir de investir (day trader).
Apresentando uma estratégia simples e vencedora
Antes de concluirmos este artigo, é válido lembrar que ele não tem o propósito de ser uma recomendação de compra de qualquer ativo. Feito nosso “disclaimer”, passamos para a conclusão.
Para dar um norte ao leitor e tendo como referência este artigo, creio que a melhor estratégia de investimentos é o Buy and Hold, Value Investing, DCA. Escolhi essas duas modalidades pensando no longo prazo e com um potencial de crescimento interessante. Com isso, abrangemos os dois perfis de investimento, sendo conservador em sua base, porém um pouco moderado, procurando valorização e crescimento.
Uma observação importante do Value Investing é que, em eventuais ciclos, faz-se necessário realizar o lucro e se capitalizar para outros investimentos que se encaixem na modalidade de Renda Passiva. Com isso, começamos a montar um plano.
Investigando o cenário atual, Fevereiro de 2025, observamos uma potência e uma franca expansão no mercado de criptomoedas. Com a eleição de Trump nos Estados Unidos, que declarou e está incentivando a criação de um fundo soberano em Bitcoin, além das motivações citadas no artigo: Por Que Devemos Investir em Criptomoedas?, o Bitcoin, é a escolha de ativo financeiro para praticar o Buy and Hold e o Value Investing ao mesmo tempo.
É preciso salientar o potencial e o retorno de crescimento que o Bitcoin vem trazendo a seus investidores. Vejamos o gráfico abaixo:

Observe que, em 10 anos, o Bitcoin saiu de US$ 110,00 para quase US$ 100.000,00, tendo um alto retorno de investimento. É válido lembrar do velho jargão:
Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.
Mesmo sendo uma máxima do mercado financeiro, o Bitcoin é muito mais que um ativo financeiro, pois envolve tecnologia distribuída, de código aberto, capaz de atuar como reserva de valor e é deflacionário matematicamente. E muitos outros benefícios.
Portanto, analisando diariamente o Bitcoin e vendo o seu potencial, é possível validar que ele ainda é um ativo financeiro que está em amplo crescimento. Sendo assim, como um investidor Value Investing, é possível realizar um método de compra e, a cada valorização do Bitcoin, realizar a sua venda e garantir lucro em dólar no bolso e conquistar seus objetivos.
Em nosso próximo artigo, estaremos mostrando como realizar a compra de Bitcoins através de uma corretora aplicando a Estratégia dollar cost avarage: Aprenda o que é e como utilizar na compra de bitcoins. E, para o leitor deste artigo, espero que este artigo tenha cumprido seu objetivo e, qualquer dúvida ou debate de ideias, nos procure em nossas redes sociais.